sábado, 29 de setembro de 2012

Desarrumado

Ao teu encontro, não meço instantes, o tempo é meu cúmplice e me deixa tão à vontade que o sorriso não cabe em meus lábios. E ao mesmo tempo não é meu nada ainda, são castelinhos em cada pedacinho, e faz de conta que tenho tudo arrrumadinho aqui dentro. Ao mesmo tempo, tempo não medido, cheiro de molhado, passos pausados, deixo o dia raiar, um de cada vez.


(...)

Sempre tem muitas reticências, deixe-se ir...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Amor odiado.

O amor odiado.
estremecido.
caído.
canalha.
gosto amargo.
saindo.
salivado.
mastigado.
Odiado eterno.
olho piscando, invasão.
mentiras.
a mão em um aceno vazio.
solidão.
Das carnes secas, ossos e pó.
sacanagem.
pele.
inteiro.
e no meio do mundo, inverno.
Sem mofo, ao sol.
Amor odiado, canibal.

Mariana Nunes



quarta-feira, 27 de junho de 2012

O olhar de menino transparente.
 A distância entre a boca e as ideias.
 Você é safo, largo, cheio de bagagem.
 Eu sou frágil, só, cheia de estrelas.
 A dança começou.
 Em pista, a só deixa o triste menino.
 O triste menino deixa ficar só...
 A escolha é atirar-se ao lado da estranha com olhar medíocre.
 Solução errada.
 Triste desencontros.
 Só e mar.
 Não torna-se canção.

(Mariana Nunes).

domingo, 10 de junho de 2012

Madrugada

Dos teus abraços,
O cheiro doce é o mais nítido.
Já não lembro mais o seu rosto, a forma retangular ou arredondada, mas ainda sinto o teu cheiro.
Em verdes pastos deito-me e sinto a fotossíntese abraçar-me.
Lembro das covinhas chegando perto de mim, engolindo-me e rindo sob o meu peito. Lembro das ácidas brigas, do café bem forte, dos cortes, da solidão. Lembro de como você perto fazia-me tão comprida, larga e extensa.
E agora não sou o ponto final mas fico dentro das reticências.
E dos teus beijos, a língua presa em um diálogo sem fim não diz nada, enrolada gagueja um até logo.
São monólogos de um amor emocionado. Sozinho ama a espécie cruel que nasceu em seu olhar.
Dorme medo meu,dorme.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Sem "dó" em "mi maior"

    Emociona o amor que pode ser e sendo liberta todos os medos escondidos em partes que não tinham.
    A escuridão que encobria o seu olhar me trouxe um café bem forte e conversamos por horas. Disse que não te quer mais e vai trazer o sol para dissolver a tua alma, trazendo-a detalhadamente para mim...
    Em um canto na beira-mar procuro sentir o vento em contratempo pulsar em meu rosto e esqueço o quanto a espera estraga os versos que não pude declamar.
    Não são teus, nem meus, são de alguém cuja alma não existe e em plena luz do dia perco-me em estrofes vazias, sem rimas e questionamentos estrangeiros.
    Bebo toda a perspectiva da ideia fixa em agradar-te. E piso em caminhos ao Déjavu que minha mente controla desde o primeiro encontro.São pastilhas mastigadas com um sabor amargo que não cura a tosse. São vozes roucas, esmaltes descascados em unhas roídas pelo tempo que estraga até papel.
    E não é você. Não possui nenhum resquício de você. Atrás do palco a cena é outra. Não decorei o texto, não sei as falas e muito menos porto o figurino imposto pela demarcação de olhares.
    A incerteza é minha companhia. E diante ao vazio que demarca o teu corpo papeio com a solidão. É um papo longo, estranho e chato. Mas ao decorrer da estranheza, monstros viram borboletas e voam ao encontro da liberdade.
   Seja teu, seja meu, sejamos o dó que vira mi maior e cresçamos na melodia que o som do eterno provoca em nós. Até quando parar de bater...


domingo, 20 de maio de 2012

Do seu corpo são poesias!

Era como se fosse uma poesia. A estrofe, as linhas embaralhadas, o papel, o lápis, a forma poética, o olhar crítico, o amor...
O livro do seu corpo era aberto. O toque, os cabelos negros encontrando os cabelos avermelhados. Era uma junção do oposto com o que queria ser posto. A voz na pele a pele na boca. A intenção de uma ideia partida e comida com os olhos. E que olhos!
Inesperado. O peso em seus ombros foi totalmente esquecido diante outro peso, o do nó. O mais conhecido: Nó na garganta. E ao mesmo tempo o mais intencional. Era para ser momento apenas. Florear com palavras, gestos e adornos não tinha necessidade. E a mão poderia levar para onde quiser e levou. A mão estendida fez chover flores com espinhos não cortantes sobre o lado mais aberto que o corpo deixou.
Arte concisa. Pré-arte, pós-arte, arte inacabada, arte barroca, arte contemporânea, pop arte, todas as artes. A junção da obra com o autor. Todos os autores. O borrão que fez história. O borrão mais borrado e lindo que fez história. O borrão que não é borrão, mas são traços contornados, esmiuçados, cantarolados, desenhados, premeditados e novamente: Intencionados. A sua arte e de ninguém mais.
Agora posto em suma, guardado em baú pintado à mão, diz que é seu. E é seu. Nada além de poetizar. Nada além de doar. Imerso a dualidade de estranhos, deixa o silêncio merecido e invadido encontrar com os cabelos, agora já alvoroçados pelas horas que já se fez ausência. A rima sombreada. O chão pisado, embriagado pelo cheiro das lembranças, em quarto escuro, arejando o que se pode ainda salvar. Emoções trêmulas e o grito de “alto lá” que o corpo pretendia dizer.

Poesia. A sua poesia.


Trecho de Saia de Retalhos!

(...)
A menina da saia que corre. A menina do medo que some. A menina da infância enrugada e da velhice colorida. A menina do amor imenso que o mar transformou em ondas e faz quebrantar todo dia na sua praia. A menina palerma da boca de cera. A menina do olhar inventado por todos que a olham. A menina acanhada do interior da imensidão que colhe flores todos os dias em jardins suspensos na babilônia rotina do mais populoso centro da cidade. A menina da saia de retalhos que retalha seus sonhos e sonha o amor do amor de outra menina. A eterna menina que está nas mulheres já mortas pelo descaso de uma imensidão de meninas iguais, em série, de um jogo de quebra-cabeça. A sua menina. E ao término, a pergunta do esquecido: Onde está a sua menina?


(E ainda toca a mesma melodia do além-mar nas conchas enormes que a menina catava de tardinha...).



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Chorinho de inverno

O caos da gritaria inundava o coração que é silencioso.
A poça pisada não dita nada.
O abraço imaginário, a vontade de escrever um livro no seu olhar. A vontade de falar ao ver sua alma.
A pintura de seus cílios, a forma com que escreve, o  contorno dos seus lábios, a sua pele.
A sombra daquela árvore manchou o meu corpo. As folhas secas, as flores surgindo...O dia indo e a noite chegando. A aurora.
E já lembro de quando não existia o medo. As poucas palavras foram as certas. E até hoje cantarolo como minha canção.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Ilusão boa

Você é a última dose, o veneno mais profundo em que a boca experimentou.
Ao invés de dançar em salto agulha, patino sobre o gelo em busca de algo incrível.
Gosto do seu silêncio ao acordar e gosto também dos seus gritos quando não acordo.
E então - como se fosse a última vez - me aproximo dos seus olhos e canto a canção que o vento me ensinou. Deixo você partir, sabendo que amanhã é a tua voz que me acordará.


(...)


Ao encontro de dias nevados, brindo com o mais puro vinho. Ao encontro de um mundo só, brindo ao amor estranho. Pode fingir o encanto e pode ser uma boa ilusão. Assim...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

De olhos fechados.

Já tinha decorado seu corpo, as falas e as línguas eram universais.
Ao passo corrido, tinha o sangue fervendo sua pele arrepiada sonhando em criar um diálogo.
Em mais pura solitude, conseguiu extravasar.
E foi o medo da ponte que os uniu.
Atravessando-a, os pés não alcançavam o chão. Epitáfio.
O corpo do corpo da alma em transe.
(Silêncio).


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Dos trechos de um diário

     Agora consegui o silêncio. São como andorinhas voando para o seu ninho  e eu fecho meus olhos e vejo a suavidade e posso tocá-la, senti-la.Faço um poema com as mãos e fotografo com a alma.
    A tristeza até tenta pegar-me, tirar a minha roupa, deixar-me poeta, com trapos, mas eu fujo.
    Agora eu posso ouvir o trincar da porta e o meu coração fica pequeno, apresenta-se ao medo.
    As horas são tempo, o que sinto é agora, anseio por palavras, quero ir ao teu encontro, na meia noite do inverno a dança é diferente.
     As coisas de amor viram tolices e as juras são apenas palavras ao vento. Não trago-lhe rosas, não deixo-lhe marcas. Sou a viajante com a mochila nas costas e o meu paradeiro é a tua pele.
     Agora o silêncio vai diminuindo, a valsa vai acabando e os sentidos também. Não toco mais a sua boca, a TV está ligada e alta faz morrer os meus sonhos.
     Agora você pode estar em algum lugar que se chama saudade e pode estar bebendo o líquido que não são os meus beijos, doces beijos.

(Até breve sr. individual).

(...)

A carta - Parte (Dois).


Olá, não costumo deixar um olá no começo das cartas. Você sabe disso. Aliás, não costumo ser começo quando quero ser final. Mas, apenas hoje, deixo acontecer.
 Ao término, porque serei muito breve, não quero encontrar o seu medo sondando os meus sonhos. Porque eu vou dormir de forma espontânea e bem leve, terei sonhos com arcanjos e a luz que verei é colorida.
 Só estou escrevendo essa pequena carta, que talvez possa até ser um bilhete, mas como é intenso (pelo menos da forma que está sendo enviada), para informá-lo senhor autor desconhecido que o meu coração não é uma vaga e os carros não precisam pagar por hora nem fração.
 Já deixei livre, o acento, as vírgulas, a nova grafia da gramática para pensar na ideia de esquecer-lhe. Eu disse pensar?Ah! Não precisa se vangloriar, pois o esquecer é algo vasto e estou nessa caminhada.
 O meu corpo não é mais o cavaquinho que você tirava melodias e tocava ao luar. O meu corpo não é mais a sua melodia. Não deixo- te nenhuma delas, não tem direitos autorais, porque todas são minhas e pretendo usá-las em minhas outras 'cavaquices'.
 Então, Adeus. Prefiro essa palavra por um até logo. Não uso de falsidade, não uso de piegas, um até breve seria hipocrisia. Deixo-te a casa e me refugio ao mar. Deixo-te as coisas e me levo pura e serena para as ondas. Deixo-te o medo de ser sozinho e egoísta e vou-me para o grande e imenso amor próprio. Adeus. Ao Deus que me livrou de ti.
Seja o teu único e envolvente pesadelo e nos dias de sol pode olhar para o céu e sentir o calor que o meu corpo faz.

Adeus.

De outra que não era aquela-sua...





terça-feira, 17 de abril de 2012

Bilhete

           
 
    Olá.

Estou decidida. Obrigado por sempre dizer-me que meu jeito detalhista deixa-lhe encabulado. Eu agradeço. Fiquei várias vezes dentro de mim procurando os detalhes e ao invés de achá-los, encontrei o teu olhar.
 Obrigado por achar-me detalhista. Somente isso. E agora, digo-lhe: Você é engraçado, esperto, sorri com os olhos, tem as mãos mais espertas que já vi, tem mania de morder os lábios quando fica nervoso, tem cheiro de sol se pondo e olhar de menino entalado com o mundo. E por meu jeito detalhista de ser estou decidida. Ou melhor, não decido. Não decido quando olho-te no escuro enxergando a tua alma, não decido quando deixo meu corpo ser manchado por sua boca. Não decido quando atendo todas as ligações da sua voz. Não decido quando deixo partir a sua presença na minha vida. E parte.
   Agora concluo: Não sou detalhista, sou teimosa. E minha teimosia começa quando sozinha, deixo sempre seu corpo vir.

                                                                                      Não deixa o inverno chegar,
                                                                                                                                   A sua.








terça-feira, 10 de abril de 2012

Ventania

    A tristeza. Não. A melancolia. Dessas, tipo solitude. Não machuca mas faz pensar. 1h da manhã, ela rodava em sua cama estreita, abraçada com suas dores de quem não tem coisa melhor para reclamar. De tanto se revirar, desistiu. São cenas passando em sua mente a todo minuto e uma música que não parava de dedilhar a melodia, também não dava o sinal de stop.
  Sabe quando precisa desabar? Deixar escorrer, como tempestade, chuva grossa que machuca, raio que sai cortando no céu e dá medo? Então, exatamente assim...
  E quando ela, fechava seus olhos, tudo se movia. A canção era perfeita, tinha melodia, rima, refrão manso, música amor. E quando ela, fechava seus olhos,a sua saia se esvoaçava, seus cabelos emanavam por entre o céu, encaracolando-se com o vento, voando...voando!
 Não tinha a música apesar de receber muitas promessas. Não tinha a música. A tempestade não desabava, a chuva não caia, o raio não cortava e o medo já nem fazia cócegas. São tolices de criança que não conhece o fim do arco-íris. São tolices da imaturidade que não quer crescer.
 Esquecer-te de mim? A voz dos cabelos esvoaçantes perdoa o vento que não venta mais de forma larga. O corpo tronxo, esquisito, não reconheces? Estás a dizer: Estou aqui, ainda sei arrepiar!
 E tu não vens...A primavera com cheiro de jasmim não faz curvas. Não colore. O olhar intenso não traz aquele abraço acostumado a sorrir com covinhas.
 Esquecer-te de mim de uma forma comum. E comum são os outros.
 Ela fecha os olhos e deixa a música-amor tocar...O susurro é alto: Deixa ventar....voar!

Por: Mariana Nunes.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Divino

Eu lembrei de você e consegui ver o mar. Estava sem sol, era uma tarde nublada, mas ao contrário do que todos devem pensar, tinha muita gente na beira mar. O mar estava agitado (parecia que ele lia meus sentimentos), e quando me sentei, mesmo em meio à conversas, eu pude sentir cada onda batendo forte no banco de areia. Fechei meus olhos por um minuto e senti. Tem hora que não conseguimos sentir. Andamos, acordamos, pegamos o ônibus para o trabalho, trabalhamos, voltamos, lemos, ou não lemos, tomamos banho, e mais um dia de rotina. E não sentimos, absolutamente nada. Nem ao menos a água gelada do chuveiro caindo em nosso corpo cansado. Mas naquela tarde eu senti. E nesse minuto-instante em que fechei meus olhos, lembrei de você. E senti paz. Mesmo com o coração transbordando, precisando desaguar, mesmo com pessoas especiais ao lado, mesmo assim, precisava desaguar. E o mar, agitado, porém sábio, entendeu perfeitamente o meu desejo. Foi um olhar mútuo, e assim, a plenitude do infinito fixou em minha alma, e meu coração foi atropelado por uma paz estridente. Precisava dessa paz. Senti a paz. E ao senti-la, lembrei-me de você. Poderia ficar ali horas, conversando, pensando ou até mesmo admirando o silêncio. Mas foi breve, um breve instante pleno. Que em minha memória-alma está escrito como: Divino.


Mariana Nunes.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Platônico

O toque ao escorregar tua pele deixa o drama começar.
Ao sentir o livre toque, lágrimas espalham a maquiagem que tanto escolheu.
São castanhos o teu olhar e amargo o teu amor.
Sozinha em um quarto escuro, adormece os lábios secando as palavras que iria pronunciar. Lábios secos, borrados e impetuosos. Tragando mais um cigarro.
Sendo imunda, mesmo em grosso lodo, lava a tua alma, toda vez que deixa encerrar.
O vento em face, a sinceridade. São espadas cortantes, ombros desnudos. Amor em ato sozinho. Platônico.
Com os olhos fechados, sente o silêncio.
Mais uma estrofe se desmancha...
Á espera do telefone, mudo, tocar.


Mariana Nunes.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Ganhei!

Muito feliz em saber que ganhei o livro da promoção feita no blog da Vanessa! Visitem:
http://vemcaluisa.blogspot.com.br/2012/03/resultado-do-concurso-cultural-esquecer.html

segunda-feira, 19 de março de 2012

A parte que não quer partir.

Eu esgoto de dentro de mim caminhos ao desconhecido.
Não é preciso cerrar, apertar o lápis, deixar abraçado.
Eu não preciso entender. Na alma que de leve, deixa chorar instantes.
Me passa um café bem forte, me come com os olhos, de leve acaricia meus cabelos e deixa voar. Pouse em mim.Descanse. Suas asas vermelhas encontram o meu arco-íris.
O sombreado do teu semblante me encara.
Tua carne ensopada não traz seu pensamento confuso.
São tardes de sol em um escuro e nuvens à passeio.
O temor do platônico grita e não são assombrações.
A mulher com jeito de menina encara a verdade que não mente.
Está escuro. O barulho do ventilador levanta a saia rodada. Rodando os passos ecoam medo.
Encurrala-se decisões.
A partir, parte a ilusão que fica mais bonita sendo ilusão.
Parte-se a parte que não quer partir.

Mariana Nunes;


sábado, 10 de março de 2012

Mofado

Hoje eu mexi no passado. Senti o cheiro de mofo remexendo em coisas que o tempo já tinha manchado, borrando letras e sentimentos já corroidos por traças famintas.
Hoje reli alguns trechos em que uma menina imatura, com medos,anseios, tristezas trazia em seu coração e ninguém percebia. Sempre camuflada em seu sorriso largo, cabelos ao vento, mas dentro, bem dentro, choravam-se rosas.
São passados que em poucas horas irão ser fogo. É melhor assim. Um fogo queimando o passado. Porque passado bom é aquele gravado em nosso coração, não são linhas, cadernos, estrofes que será ponte, não são os medos imaturos, os choros, as alegrias, ditas e descritas passo a passo que será a tua carne, a tua alma. Sim! Foi um dia...Agora o passado é o livro que construí dentro de mim. Então deixo ir em fogo as linhas que um dia foram meu passado. E guardo, com bastante intenção, todo esse passado.
Saudade é palavra universal, não possue tradução. E em tempos agora, sou uma saudade. Melancolicamente desconstruo a versão que sempre busquei mas agora sei que não precisa ter sentido. Embutido em histórias estrofes o livro que nunca terá fim precisa da arte que são todas as palavras!
Hoje eu remexi no meu passado. E quando tudo não está remexido? A tortura é sempre pensar que faltou uma vírgula, um ponto, um travessão, enfim, é saber que em passado só se pode remexer mesmo.

Mariana Nunes.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Construção

Ao mesmo tempo que o amor chega, ele vai...
A mulher que o tempo não deixa ser, a jovem encantada com seus sonhos, a mulher de várias funções, a mulher verdadeiramente única, sem medo, sem rótulos, sem restrição...
Quando decide amar, seja ela de qualquer jeito, seja ela de qualquer tempo,qualquer olhar, a mulher deixa ir, envolver, situar, perder, cair, demonstrar...Não sejas a mulher escondida, que tem vergonha, que foge, que amuada, deixa de falar, deixa de agir, seja ela, linda, de qualquer tamanho, de qualquer número, de qualquer raça, Com o amor que não caiba em si, transbordando, latejando, e use-o...
Eu te amo com todo meu ser, com todo meu corpo,seja ele esguio, seja ele carnudo, te amo com minha alma, imensa, tamanha que te abraça em pensamento.
E ao descobrir esse amor, decido entregar-te em forma de presente, declarando em qualquer tempo que não existe rótulos, máscaras, medos, 'nãos' e no silêncio que minha alma decidida a não dizer corre e ultrapassa esse medo e diz tudo...
Não tenho medo do que sou, do que posso virar, da minha aparência no espelho, das formas que hoje, me dizem para não ter, depois de muitos anos encaro o espelho e vejo que a minha alma, o meu coração abraça tudo, e o clarão da minha sombra reflete a verdade que busco, e no meu imaginário você é meu maior ego,minha maior decisão de viver, e não importa o que os outros vão pensar, só importa o que vou viver, o que vou carregar, as palavras e poemas que cabem em meu corpo, minh'alma...E nas estrofes grandes e rimas, o teu cheiro é presente, vivo!! Ao teu amor, a tua descoberta, eu decido viver, ser como sou e deixar você me encontrar...Na hora certa, sem pressa,sem manipulação, sem esconder o que minha imagem reflete no espelho!

**Mariana Nunes.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Mãos Estranhas

São palavras estendidas em varal ao vento
Muitas palavras não ditas.
São olhares de longe, sensação de amanhecer.
Não sei onde está. Sei que posso pertencer.
Em tua estrada, pulo pedras, estranha solidão, sou lua cheia, mansidão.
Deixo ir. Em fluir, asas nascem.
Não conseguindo voar, amorteço. Tenho juras. E juro. Vazio. Pontes ruem. Agora são paredes que caem. E ao atravessar a poeira peço tua mão. (Mãos estranhas...);
Olha-me como um talvez menino e nas costas pesando o pecado, chora.
são tuas lágrimas em mim.
sou sua lua cheia. Você é meu mar agitado. Ondas. Sou o fluir e a pedra. Atravesse e não pule. Siga!
Suas mãos estranhas que quero aqui.
A canção que toca é a mesma.
Até o final. Não arranjo, apenas o dedilhar no violão.
Suas mãos estranhas. Elas. Ainda irei conhecer.
Siga!
Venha!
Esteja...


Mariana Nunes.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Flor de espinho

Talvez eu não chore, mas dói.
Talvez eu não diga, mas eu sinto.
Talvez eu não mostre, mas me importo.
Talvez dois.
Entre por essa porta e deixe as luzes acesas eu não posso chorar no escuro.
É marcado que as palavras não pousam, e em ti deixei ciscos, que coçam quando o vento sai.
As palavras são rouquidão que precisam de grito, melodia. Não deixe só que o barulho do vento faça curvas.
Estradas. Escolhas. Talvez tudo.
E ao terminar do abraço, o longo do olhar.
Talvez seja único, talvez seja perto. Não precisa encontrar.
Entre flores e espinhos, deixe-se cortar.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Meu quanto

O quanto às vezes é muito questionado.
O quanto é tudo e ao mesmo tempo nada. É ele quem direciona e me perco quando fico pensando se existe isso.
Gosto do quanto inesperado, chamego, fim de tarde, livro cantado, crônicas. O quanto não precisa ser muito. Sendo um só para mim é necessário.
Quanto vem agora. Sem hora....Desses que eu gosto.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dias demais

São como pétalas de flor murcha, tem que regar.
Não aprendi com a vida, até porque minha vida ainda se aprende.
Não é o tempo o senhor do destino, como já conheço bem. Não! O tempo só leva o que precisa.
É para ficar feliz, sim! Mas ainda há algo que teme em sorrir abertamente, em público. Não são máscaras, não! A rotina dos passos já conhece o esconderijo.
Ao descobrir que os anos completam primavera, o inverno pretende esfriar coleções de ossos, que quase não tem. Não são linhas tristes, não! Escorregadio é seu coração, vai e vem em direção oposta, e quase não sabe como sossegar. Deixa.
Tem dias demais. E em contrapartida fecha os olhos e deixa ir.


Por: Mariana Nunes.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando".

- Plabo Neruda -

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

São tardes e ela é cedo;

Não se vê adiante porque não quer.
Prefere estar agora, ser agora, viver em minuto, calçando os pés em chão frio. E se não sente, precisa senitir.
Ao pulsar do coração, (ultimamente não tem dado muito trabalho), não hesita, interdita. O agora é o seu porto, navega e viaja como um bálsamo para ser.
Ao contrário, não é esperta. Não procura pensar no tempo, porque o tempo não a procura. São desencontros.
Em sua mesa de cabeceira, livros e cadernos. Os livros faz questão de reler. Os cadernos, deixa em branco. Talvez quando o tempo vier as linhas saiam correndo.
Ela não é tempo. E não deixa ir adiante. Ela não é espera. Talvez seja grama molhada, que molha o corpo e arrepia. Em biblioteca não guarda, é. Guardar faz mal, rasga e mancha.
Ela é tarde de outono. E quando quer deixa cair folhas bem leves. O tempo não precisa medir, só sente. Ela é. Não precisa pensar em ser.


Por: Mariana Nunes.

sábado, 14 de janeiro de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Poema curto

Não precisa dizer em eterna linha que o amor faz.
Esse poema é curto, mas o longo alonga meu ser.
Transforma, edita, contrapõe, manifesta.
Em curta metragem, a nossa comédia vira drama e eu choro sem lágrimas.
Ao choro encardido, esfrego em pedra pume a noda do sair com o talvez.
Odeio o talvez. E talvez esse poema não seja mais curto....
É, o amor não mede. E linhas também não.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

(...)
"E entregando-me com a confiança de pertencer ao desconhecido. Pois só posso rezar ao que não conheço. E só posso amar à evidência desconhecida das coisas, e só posso me agregar ao que desconheço. Só esta é que é uma entrega real.
E tal entrega é o único ultrapassamento que não me exclui. Eu estava agora tão maior que já não me via mais. Tão grande como uma paisagem ao longe. Eu era ao longe. Mas perceptível nas minhas mais últimas montanhas e nos meus mais remotos rios: a atualidade simultânea não me assustava mais, e na mais última extremidade de mim eu podia enfim sorrir sem nem ao menos sorrir. Enfim eu me estendia para além de minha sensibilidade.
O mundo independia de mim - esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro".


(Trecho do livro: A paixão segundo G.H. - Clarice Lispector).

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"(...) Não sei me despedir de você."


- Carpinejar -


(pode ser, mas quem sabe?)
Ao teu encontro, não meço instantes, o tempo é meu cúmplice e me deixa tão à vontade que o sorriso não cabe em meus lábios. E ao mesmo tempo não é meu nada ainda, são castelinhos em cada pedacinho, e faz de conta que tenho tudo arrrumadinho aqui dentro. Ao mesmo tempo, tempo não medido, cheiro de molhado, passos pausados, deixo o dia raiar, um de cada vez.


(...)

Sempre tem muitas reticências, deixe-se ir...


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

para começar o dia...

Você me chamou pra dançar aquele dia
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia
Em cada passo que eu dava nessa dança
Ia perdendo a esperança
Você sacou a minha esquizofrenia
E maneirou na condução
Toda vez que eu errava você dizia
Pr'eu me soltar porque você me conduzia
Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
E no final achei tranquilo
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz


-Tulipa Ruiz - Só sei dançar com você -

(essa música não sai do meu coração.... );

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A ti deixo meu silêncio.
No silêncio com chuva batendo no chão, cheiro de grama molhada, em plena oração, deixo a ti, em ação, o porvir.
Não terei pressa. Não serei a pressa. O correr é vasto demais para alcançar minha alma, então quando se corre demais, tudo não é seu - vasto mundo - pequena sobra.
A ti deixo meu percorrer.
Não é qualquer caminho, é estreito, sem flores grandes, sem sombra de árvores, sem castelos ou arco-íris em janelas. O caminho das pedras, que acharás a rocha. Em firme estado, se firmará nela.
A ti deixo tudo o que, agora, queria deixar. São enormes: Abraço apertado, pernas entrelaçadas, carinho, cafuné de madrugada, dança na chuva, em plena convicção, deixo a ti o que não posso entender.
Uma linha tênue, fina, esticada, olho no fundo dos teus olhos e não consigo ver. Atravesso. Caio. Escorrego. Me dá a sua mão?
Deixo a ti, a mais pura liberdade. O teu ser inunda a minha alma, e o meu ser abraça sorrisos. Que tal forma seja um eterno diálogo de comédias e teatros sem fim, com realidade, começo e estréias!
Deixo a ti, tanta coisa! Agora vou em busca do que me resta. Do que em meu caminho se cria. E com silêncio o verbo se torna adjetivo: Bonita menina! Aperfeiçoa-se!

Por: Mariana Nunes