terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Meu quanto

O quanto às vezes é muito questionado.
O quanto é tudo e ao mesmo tempo nada. É ele quem direciona e me perco quando fico pensando se existe isso.
Gosto do quanto inesperado, chamego, fim de tarde, livro cantado, crônicas. O quanto não precisa ser muito. Sendo um só para mim é necessário.
Quanto vem agora. Sem hora....Desses que eu gosto.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dias demais

São como pétalas de flor murcha, tem que regar.
Não aprendi com a vida, até porque minha vida ainda se aprende.
Não é o tempo o senhor do destino, como já conheço bem. Não! O tempo só leva o que precisa.
É para ficar feliz, sim! Mas ainda há algo que teme em sorrir abertamente, em público. Não são máscaras, não! A rotina dos passos já conhece o esconderijo.
Ao descobrir que os anos completam primavera, o inverno pretende esfriar coleções de ossos, que quase não tem. Não são linhas tristes, não! Escorregadio é seu coração, vai e vem em direção oposta, e quase não sabe como sossegar. Deixa.
Tem dias demais. E em contrapartida fecha os olhos e deixa ir.


Por: Mariana Nunes.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando".

- Plabo Neruda -

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

São tardes e ela é cedo;

Não se vê adiante porque não quer.
Prefere estar agora, ser agora, viver em minuto, calçando os pés em chão frio. E se não sente, precisa senitir.
Ao pulsar do coração, (ultimamente não tem dado muito trabalho), não hesita, interdita. O agora é o seu porto, navega e viaja como um bálsamo para ser.
Ao contrário, não é esperta. Não procura pensar no tempo, porque o tempo não a procura. São desencontros.
Em sua mesa de cabeceira, livros e cadernos. Os livros faz questão de reler. Os cadernos, deixa em branco. Talvez quando o tempo vier as linhas saiam correndo.
Ela não é tempo. E não deixa ir adiante. Ela não é espera. Talvez seja grama molhada, que molha o corpo e arrepia. Em biblioteca não guarda, é. Guardar faz mal, rasga e mancha.
Ela é tarde de outono. E quando quer deixa cair folhas bem leves. O tempo não precisa medir, só sente. Ela é. Não precisa pensar em ser.


Por: Mariana Nunes.

sábado, 14 de janeiro de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Poema curto

Não precisa dizer em eterna linha que o amor faz.
Esse poema é curto, mas o longo alonga meu ser.
Transforma, edita, contrapõe, manifesta.
Em curta metragem, a nossa comédia vira drama e eu choro sem lágrimas.
Ao choro encardido, esfrego em pedra pume a noda do sair com o talvez.
Odeio o talvez. E talvez esse poema não seja mais curto....
É, o amor não mede. E linhas também não.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

(...)
"E entregando-me com a confiança de pertencer ao desconhecido. Pois só posso rezar ao que não conheço. E só posso amar à evidência desconhecida das coisas, e só posso me agregar ao que desconheço. Só esta é que é uma entrega real.
E tal entrega é o único ultrapassamento que não me exclui. Eu estava agora tão maior que já não me via mais. Tão grande como uma paisagem ao longe. Eu era ao longe. Mas perceptível nas minhas mais últimas montanhas e nos meus mais remotos rios: a atualidade simultânea não me assustava mais, e na mais última extremidade de mim eu podia enfim sorrir sem nem ao menos sorrir. Enfim eu me estendia para além de minha sensibilidade.
O mundo independia de mim - esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro".


(Trecho do livro: A paixão segundo G.H. - Clarice Lispector).

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"(...) Não sei me despedir de você."


- Carpinejar -


(pode ser, mas quem sabe?)
Ao teu encontro, não meço instantes, o tempo é meu cúmplice e me deixa tão à vontade que o sorriso não cabe em meus lábios. E ao mesmo tempo não é meu nada ainda, são castelinhos em cada pedacinho, e faz de conta que tenho tudo arrrumadinho aqui dentro. Ao mesmo tempo, tempo não medido, cheiro de molhado, passos pausados, deixo o dia raiar, um de cada vez.


(...)

Sempre tem muitas reticências, deixe-se ir...


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

para começar o dia...

Você me chamou pra dançar aquele dia
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia
Em cada passo que eu dava nessa dança
Ia perdendo a esperança
Você sacou a minha esquizofrenia
E maneirou na condução
Toda vez que eu errava você dizia
Pr'eu me soltar porque você me conduzia
Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
E no final achei tranquilo
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz


-Tulipa Ruiz - Só sei dançar com você -

(essa música não sai do meu coração.... );

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A ti deixo meu silêncio.
No silêncio com chuva batendo no chão, cheiro de grama molhada, em plena oração, deixo a ti, em ação, o porvir.
Não terei pressa. Não serei a pressa. O correr é vasto demais para alcançar minha alma, então quando se corre demais, tudo não é seu - vasto mundo - pequena sobra.
A ti deixo meu percorrer.
Não é qualquer caminho, é estreito, sem flores grandes, sem sombra de árvores, sem castelos ou arco-íris em janelas. O caminho das pedras, que acharás a rocha. Em firme estado, se firmará nela.
A ti deixo tudo o que, agora, queria deixar. São enormes: Abraço apertado, pernas entrelaçadas, carinho, cafuné de madrugada, dança na chuva, em plena convicção, deixo a ti o que não posso entender.
Uma linha tênue, fina, esticada, olho no fundo dos teus olhos e não consigo ver. Atravesso. Caio. Escorrego. Me dá a sua mão?
Deixo a ti, a mais pura liberdade. O teu ser inunda a minha alma, e o meu ser abraça sorrisos. Que tal forma seja um eterno diálogo de comédias e teatros sem fim, com realidade, começo e estréias!
Deixo a ti, tanta coisa! Agora vou em busca do que me resta. Do que em meu caminho se cria. E com silêncio o verbo se torna adjetivo: Bonita menina! Aperfeiçoa-se!

Por: Mariana Nunes