quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Havia o tempo que histórias seriam doadas, interpretadas por outro alguém, e linhas e estrofes não seriam rimadas, e ao caminhar da estrada, haveriam paralelepípedos. Teria o amor. Amor verdadeiro, sem escamas, sem espinhas, frito na hora, quentinho, totalmente sem gordura, orgânico, vegetal, raiz firme, crescida, fiel.
Pessoas que preferem não enxergar. Olhar em  volta, saber a sua direção. Não caminhar com as pernas de alguém, não esconder nos braços de alguém, não amar o amor de ngm, apenas caminhar. Difícil? A construção é difícil. A interpretação é ambígua, mas a ação é imediata e precisa de coragem.
Sempre concordei com o livre arbítrio. E suas consequências. Você escolhe amar, escolhe seus amigos, escolhe seu emprego, escolhe?Mas você escolhe seus erros? Escolhe suas dúvidas? Seus medos? Angústias? Não. Então não escolha muito, apenas sinta. Decisões não precisam ser feitas na hora. Nem depois de alguns instantes. Podem esperar. Podem ser pensada. E pode até levar anos. Então seja. Seja algo bom. Decida amar. Doar. Construir pontes. E atravessá-las.
Conclua, apenas. Pelo menos não deixe pendente, mesmo que não seja uma decisão completa.

Por: Mariana Nunes.

(A inspiração vem de onde você menos espera....e de quando você nem imagina. Rs...)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Pura Seda

Contrita, em seu puro e sedoso vestido, a moça brinca de ninar...E esquece o quão sozinha está. Faz rodopios, sorri entre os dentes, sorriso amarelo, de quem espera a espera chegar.
Quando ajeita seu veú, olha pro ceú como quase uma súplica e  entrega-se...indo-se em poesia, assobios e gritos, dentro de estrofes cantadas em cenário ao léu, por alguém que não conhece a melodia.
Então, faz uma pausa, olha seu vestido, pura seda, e busca, na busca o verbo atravessar e pára. O atravessar é vasto, longo, estrada de barro, grossa, e menina, não quer ir. No ventre sólo, padece sobre a escolha que fez. Parada, deixa o vento sentir sua pele.
Moça bonita, talvez esquecida, mas bonita. Iguala seus passos tal qual a uma rocha. empedrada, não se racha. e Dalí nasce uma flor. A sua canção é mórbida, escura, noite sem cheiro, e talvez destino. Em sua prisão-cárcere antiga, vive esperando o bailar comigo e se contenta com a seresta da meia noite. E só, lhe resta o pó. E no pó, ó, menina, se diverte, com os tais rodopios, e assim, sempre lhe falta o último.

Por: Mariana Nunes.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

- Clarice Lispector -

(Tem que sentir...e a senti em cada linha....Quanto mais a espera consciente mais a demora. Esperar é Caminhar, já diz a letra do Palavrantiga, e é assim que penso, não precisa ficar esperando sentado ou deitado. Espere caminhando, espere contribuindo, estudando, lendo, sendo ponte para alguém, espere amando, sim! Amando! A espera nada mais é do que a nossa vida em movimento, e quando menos se dá conta, a espera já se foi e você ficou esperando a sua própria espera).