sábado, 10 de março de 2012

Mofado

Hoje eu mexi no passado. Senti o cheiro de mofo remexendo em coisas que o tempo já tinha manchado, borrando letras e sentimentos já corroidos por traças famintas.
Hoje reli alguns trechos em que uma menina imatura, com medos,anseios, tristezas trazia em seu coração e ninguém percebia. Sempre camuflada em seu sorriso largo, cabelos ao vento, mas dentro, bem dentro, choravam-se rosas.
São passados que em poucas horas irão ser fogo. É melhor assim. Um fogo queimando o passado. Porque passado bom é aquele gravado em nosso coração, não são linhas, cadernos, estrofes que será ponte, não são os medos imaturos, os choros, as alegrias, ditas e descritas passo a passo que será a tua carne, a tua alma. Sim! Foi um dia...Agora o passado é o livro que construí dentro de mim. Então deixo ir em fogo as linhas que um dia foram meu passado. E guardo, com bastante intenção, todo esse passado.
Saudade é palavra universal, não possue tradução. E em tempos agora, sou uma saudade. Melancolicamente desconstruo a versão que sempre busquei mas agora sei que não precisa ter sentido. Embutido em histórias estrofes o livro que nunca terá fim precisa da arte que são todas as palavras!
Hoje eu remexi no meu passado. E quando tudo não está remexido? A tortura é sempre pensar que faltou uma vírgula, um ponto, um travessão, enfim, é saber que em passado só se pode remexer mesmo.

Mariana Nunes.

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