Era como se fosse uma poesia. A estrofe, as linhas embaralhadas, o papel, o lápis, a forma poética, o olhar crítico, o amor...
O livro do seu corpo era aberto. O toque, os cabelos negros encontrando os cabelos avermelhados. Era uma junção do oposto com o que queria ser posto. A voz na pele a pele na boca. A intenção de uma ideia partida e comida com os olhos. E que olhos!
Inesperado. O peso em seus ombros foi totalmente esquecido diante outro peso, o do nó. O mais conhecido: Nó na garganta. E ao mesmo tempo o mais intencional. Era para ser momento apenas. Florear com palavras, gestos e adornos não tinha necessidade. E a mão poderia levar para onde quiser e levou. A mão estendida fez chover flores com espinhos não cortantes sobre o lado mais aberto que o corpo deixou.
Arte concisa. Pré-arte, pós-arte, arte inacabada, arte barroca, arte contemporânea, pop arte, todas as artes. A junção da obra com o autor. Todos os autores. O borrão que fez história. O borrão mais borrado e lindo que fez história. O borrão que não é borrão, mas são traços contornados, esmiuçados, cantarolados, desenhados, premeditados e novamente: Intencionados. A sua arte e de ninguém mais.
Agora posto em suma, guardado em baú pintado à mão, diz que é seu. E é seu. Nada além de poetizar. Nada além de doar. Imerso a dualidade de estranhos, deixa o silêncio merecido e invadido encontrar com os cabelos, agora já alvoroçados pelas horas que já se fez ausência. A rima sombreada. O chão pisado, embriagado pelo cheiro das lembranças, em quarto escuro, arejando o que se pode ainda salvar. Emoções trêmulas e o grito de “alto lá” que o corpo pretendia dizer.
Poesia. A sua poesia.
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