sexta-feira, 6 de abril de 2012

Divino

Eu lembrei de você e consegui ver o mar. Estava sem sol, era uma tarde nublada, mas ao contrário do que todos devem pensar, tinha muita gente na beira mar. O mar estava agitado (parecia que ele lia meus sentimentos), e quando me sentei, mesmo em meio à conversas, eu pude sentir cada onda batendo forte no banco de areia. Fechei meus olhos por um minuto e senti. Tem hora que não conseguimos sentir. Andamos, acordamos, pegamos o ônibus para o trabalho, trabalhamos, voltamos, lemos, ou não lemos, tomamos banho, e mais um dia de rotina. E não sentimos, absolutamente nada. Nem ao menos a água gelada do chuveiro caindo em nosso corpo cansado. Mas naquela tarde eu senti. E nesse minuto-instante em que fechei meus olhos, lembrei de você. E senti paz. Mesmo com o coração transbordando, precisando desaguar, mesmo com pessoas especiais ao lado, mesmo assim, precisava desaguar. E o mar, agitado, porém sábio, entendeu perfeitamente o meu desejo. Foi um olhar mútuo, e assim, a plenitude do infinito fixou em minha alma, e meu coração foi atropelado por uma paz estridente. Precisava dessa paz. Senti a paz. E ao senti-la, lembrei-me de você. Poderia ficar ali horas, conversando, pensando ou até mesmo admirando o silêncio. Mas foi breve, um breve instante pleno. Que em minha memória-alma está escrito como: Divino.


Mariana Nunes.

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